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domingo, 2 de junho de 2013

A BRUXA E O CORVO

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A BRUXA E O CORVO
                 Esta é uma história antiga de uma senhora que tinha dois filhinhos, Marcos e Lúcia. Eles moravam perto de uma floresta, onde, diziam, havia uma feiticeira chamada de Maria Trovão. Marcos queria muito conhecer de perto essa bruxa, que todos temiam. 
                  Um dia, que não havia aula, Marcos levantou-se bem cedinho e pediu à sua mãe que o deixasse ir à floresta com sua irmã Lúcia. Sua mãe, temendo pelo que podia acontecer, não queria deixá-los ir, mas ele insistiu muito.
                  - Deixa-nos, mamãe, que logo, logo voltaremos para casa.
                  - Está bem! - disse a mãe - Podem ir, mas não vão longe porque a floresta guarda muitos mistérios perigosos. Você sabe que lá tem uma bruxa muito malvada. Não me desobedeçam para não se arrependerem.
                  Os dois prometeram que obedeceriam, e lá se foram correndo e pulando de contentamento. 

                   A floresta era muito grande, mas também maravilhosamente encantadora. Nas suas árvores abrigavam-se muitos animaizinhos, principalmente pássaros de muitas cores. Perto das árvores havia um campo muito florido. Marco e Lúcia pararam ali para colher flores e fazer um ramalhete para sua mãe. De tanto ir para lá para cá, colhendo flores, acabaram perdendo o caminho por onde tinham vindo. Quando perceberam já estavam longe, era tarde e a noite se aproximava. Por mais que procurassem, não conseguiam reencontrar o caminho para voltar. 
                   Lúcia lembrava do que haviam prometido à mãe e começou a ficar com medo, mas Marcos se mostrava com muita coragem; tomou-a pela mão e pôs-se a caminho, procurando ansiosamente um jeito de voltar logo para casa.
                   A noite se aproximava e, depois de muito andar, chegaram em frente a uma casinha de madeira velha, com telhado de palhas e uma chaminé que soltava muita fumaça. Na parte de baixo havia uma pequena porta, por onde se podia ver que ali morava alguém. Marcos se aproximou, foi espionar lá dentro e viu que havia um grande pássaro preto que cochilava junto ao fogo.
                  Marcos sussurou aos ouvidos da irmã Lúcia: 
                  - Desconfio que é aqui que mora a bruxa da floresta.
                  - Por favor, marcos, vamo-nos embora o mais de pressa possível, tenho medo dessa bruxa.
                  - Boba, não tenha medo! eu estou aqui para protegê-la; nada vai lhe acontecer; pode ficar tranquila.
                  De repente a cortina se abriu e bruxa apareceu na janela. Era uma velha horrível, desdentada e muito resmungona; parecia estar zangada com alguma coisa. 
                   Parecia fraquinha e Marcos, decidiu que podia enfrentá-la e gritou: 
                   - Não tenho medo de você!...
                   Mas a velha bruxa só olhou e não respondeu nada. Quando Marcos olhou para sua irã, percebeu que alguma coisa havia acontecido.
                   - O que foi que aconteceu Lúcia! você está uma velha horrorosa! 
                   - Oh! que coisa mais esquisita Marcos, você está velho e com barbas branquinhas! Será que foi a bruxa que fez isso conosco? 
                   - Não estou entendendo nada, mas acho que deve ser um feitiço muito forte. Como vamos fazer para voltar para casa. Nossa mãe irá ficar muito zangada quando souber que a desobedecemos. 
                   - Coitados de nós! respondeu Lúcia. 
                   Em casa, a mãe já estava desesperada, notando que seus filhos estavam demorando muito. Então, como uma leoa, que sempre defende os filhotes, embrenhou-se na floresta; de vez em quando parava e gritava em todas as direções: 
                   - Marcos! Lúcia! 
                   Mas ninguém respondia... E ela continuava gritando desesperada: 
                   -Lúcia! Marcos! - onde vocês estão? porque não respondem? 
                   Pobre mãe; só tinha como resposta o eco de seus gritos que batiam nas pedras e voltavam. 
                    Desanimada, sentou-se junto a um riacho e desandou a chorar e a soluçar doloridamente. 

                    Mas, de repente, ao olhar para o céu, viu uma jovem que passava voando sobre uma nuvem branca como algodão. Era uma linda fada que gostava de passear sobre floresta para ver seus amigos que ali faziam seus ninhos e criavam seus filhotes. 
                    Ao ver a mãe desesperada, a fada veio ao seu encontro e perguntou:
                    - Por que está chorando tanto? o que foi que lhe aconteceu?
                    - Oh! querida fada, preciso de ajuda! meus filhos não voltaram para casa. E contou-lhe o que havia acontecido. 
                    - Não se preocupe que irá encontrá-los, respondeu a fada carinhosamente. Mas terá que atravessar este pântano, seguindo aquela garça branca; seus filhos estão do outro lado. Mas deve tomar muito cuidado, pois é um lugar cheio de cobras e crocodilos. Você de usar este lírio no cabelo que assim eles saberão que é minha amiga e a respeitarão. Seus filhos foram transformados em dois velhinhos pela invejosa bruxa da floresta. Quando lá chegar entre na caverna de pedras que lá estão os dois. Chegue bem perto do se  filho e coloque este lírio sobre a cabeça dele que logo voltará a ser como antes; faça o mesmo com a menina que tudo sairá bem. 
                     Em seguia a fada desapareceu, carregada pela nuvem de algodão. 
                     A mãe, levantou-se e segui a garça, sempre com o lírio sobre o cabelo, conforme lhe orientara a fada. 
                     A noite já estava escura, mas a pobre mãe não desistia e corria atrás da avezinha. Enquanto corria percebeu que a bruxa e o corvo também estavam sobrevoando a floresta e distribuindo suas maldades. Mas, sua coragem de mãe lhe dava a força de uma leoa para defender seus filhos. 

                    Depois de algum tempo, a garça branca parou, bem em frente uma caverna, cheia de morcegos e muitas plantas esquisitas. 
                    Seus pés estavam muito doloridos, mas, embora estivesse cansada, ela não desanimava; nada a faria desistir de encontrar seus filhos. 
                    Ao entrar na caverna, tropeçou numa enorme cobra que lançava fogo pela boca. Mas a corajosa mãe não teve medo algum, pulou por cima dela e entrou decidida na gruta. 

                    Lá dentro viu uma pequena fogueira, onde dois velhinhos, que pareciam sentir muito frio, estavam tentando se aquecer. Ele tinha uma barba branca muito longa e ela os cabelos branquinhos e longos, espalhados pelo vento que soprava o fogo. 
                    No início ficou em dúvida, mas ao ver a fita que Lúcia costumava usar no cabelo, não teve mais dúvidas; eram seus filhos que a bruxa feiticeira havia tornado velhos. 
                    - Que horror! coitadas das minha crianças! 
                    Então aproximou-se deles, que não a reconheceram; seguiu as orientações da fada e colocou primeiro o lírio na cabeça de Marcos, que logo voltou a ser criança. Mas, exatamente no momento que ia colocar o lírio sobre a cabeça da velhinha ouviu uma enorme barulheira; era o corvo dando um grito horrível, tentando assustá-la. Ao mesmo tempo a cobra soltou fogo pela boca, fazendo um estrondo que tinha o som de um trovão. Por alguns momentos parecia que tudo estaria perdido, mas ela não desistiu; correu para Lúcia e colocou o lírio sobre sua cabeça; imediatamente houve a transformação e eles, de repente, já estavam em casa. Olharam para trás e viram a garça branca indo embora feliz. 
                     A partir daquele dia Marcos e Lúcia sempre seguiram os conselhos da mãe. Só saiam de casa quando ela permitia e nunca insistiam quando dizia que não era seguro sair. Se tivessem obedecido a mãezinha e ficado por perto nada teria acontecido, mas eles desobedeceram e foram longe demais.
 Nicéas Romeo Zanchett 
LEIA TAMBÉM > MITOLOGIA PARA CRIANÇAS
 
                     
                    


sábado, 1 de junho de 2013

O PICA-PAU E O REI SALOMÃO


                                                     O PICA-PAU E O REI SALOMÃO 
Você sabe por que o Pica-pau tem penas coloridas na cabeça? Leia esta historinha e saberá.

                   Em tempos muito antigos, viveu o grande rei Salomão, filho de Davi, amigo da justiça e inimigo da crueldade. Durante o seu reinado, foram proibidas as guerras e as matanças, tanto de homens como de animais. Ele deu ordens para que seus súditos cumprissem as suas determinações e protegessem os animais. Por isso no seu reino havia paz e abundância.
                   Um dia, o rei estava sentado no trono, quando chegou à sua presença, um homem com uma serpente enrolada no pescoço, e que tentava estrangulá-lo. O homem gritou angustiado: 
                    - Ó grande e justo soberano! Socorrei-me!
                    - Diga o que deseja senhor! ordenou Salomão. Diga-me o que posso fazer por você! 
                    O senhor desconhecido respondeu: 
                    - Vêde, ó meu rei!  Escutai-me! Sempre seguindo vossos conselhos, eu, como todos os vossos súditos, vivia em paz e harmonia, sem derramar o sangue de ninguém, nem mesmo  dos próprios animais. Mas ontem, à tarde, depois de ter trabalhado o dia inteiro, ao sair do estábulo onde havia tirado o leite das minhas vacas, ouvi uma serpente gemer, enquanto se arrastava entre as plantas do chão. 
                    - Por que está gemendo? perguntei a ela. e Ela me respondeu: 
                    - Estou quase morta de sede. Dá-me de beber um pouco desse leite que está levando para casa. Em recompensa, lhe mostrarei um tesouro escondido! Então dei-lhe de beber e a serpente me guiou a um lugar solitário, junto de uma pedra. Eu já ia levantar a pedra para ver se de fato havia um tesouro, quando essa serpente saltou e se enrolou no meu pescoço, tentando picar-me e estrangular-me, gritando: 
                    - Ladrão! Vou matá-lo! 
                    - Eu lhe respondi: 
                    - O grande sábio rei Salomão será nosso juiz! Vamos até ele.
                     A serpente concordou e aqui estamos para ouvir vossa sentença, meu justo rei! 
                     Então perguntou o rei á serpente: 
                     - Que razão você tinha para agir dessa maneira? 
                     - É que nas escrituras, respondeu ela, está escrito: "Morderás o homem no calcanhar". Não tenho, pois, o direito de tirar-lhe a vida? 
                     - Primeiro, disse Salomão, desenrole-se do pescoço desse homem, porque todos os que pedem justiça são iguais perante o tribunal. Portanto, ninguém aqui pode encontrar-se em situação de inferioridade.
                     A serpente imediatamente obedeceu e soltou o pescoço de sua presa. Então, quando o rei viu a serpente rastejando, voltou-se para o homem e lhe disse: 
                      - Nas escituras está escito: "Tu esmagarás sua cabeça." Então apressa- se usa esse seu direito, homem!... 
                      E o homem, rápido com um raio, esmagou a cabeça da serpente. 
                      Enquanto isso acontecia, havia um pica-pau perto do rei, pois ele amava muito os pássaros. Apenas aquela ave viu a serpente morta, voou para sua companheira e falou: 
                       - Ai de nós, querida esposa! O rei Salomão permitiu, novamente que o homem se torne cruel. Esconde bem os ovos. Tenho medo...
                       Mas a esposa do pica-pau respondeu: 
                       - Eu não tenho medo algum! Ao contrário, tenho tanta confiança no rei  que vou colocar os ovos no meio da estrada, por onde ele vai passar em seu carro de ouro. 
                       O marido suspírou: 
                        - Ah! você não tem juízo, não sabe o que lhe espera! Salomão esmagará  os ovos com os cascos dos cavalos e com as rodas do seu carro. Não teremos a alegria de ver nosos filhinhos gorjearem...
                        Sem dar ouvidos, a esposa foi colocar os ovos bem no meio da estrada. 
                        O rei Salomão, amigo dos pássaros, era também amigos dos ventos e gostava da velocidade com que seus cavalos conduziam seu carro. Foi esses ventos, em uma suave brisa, que sopraram aos seus ouvidos as palavras  do pai pica-pau amedrontado e também de sua esposa. 
                         Quando saiu a passeio, ao chegar perto dos ovinhos da mãe pica-pau, que tanta fé depositava em sua bondade, fez o carro parar e seguiu a pé...
                          No dia seguinte , o grande rei estava sentado no trono da Justiça, quando percebeu um ruído de asas perto de sua cabeça. 
                          Era o casal de pica-paus que vinha, em sinal de gratidão, fazer-lhe uma visita e trazer-lhe, no bico, os presentes que lhe destinaram: uma tâmara e uma palhinha. 
                          Salomão sorriu e acariciou meigmente as cabecinhas dos dois pássaros. Então, sob suas mãos, nasceram na cabeça de cada um deles algumas delicadas penas, formando o topete que deste então os pica-paus passaram a ostentar com tanto orgulho.   

Nicéas Romeo zanchett 
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