Adaptação Nicéas Romeo Zanchett
Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o maior que as mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então, chamou os cabritinhos e lhes disse:
- Queridos filhinhos, preciso ir à floresta. Tenham muito cuidado por causa do lobo. Se ele entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pela sua voz rouca e por suas patas pretas.
Os cabritinhos responderam:
Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado.
A cabra saiu e foi andando despreocupada.
Não se passou muito tempo e alguém bateu à porta dizendo:
- Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam:
- Não abrimos a porta, não. Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e agradável. A sua é rouca. Você é o lobo.
O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de giz e comeu-o para amaciar a voz.
Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta e disse:
- Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de vocês.
Mas o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam:
- Não abriremos a porta, não. Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o lobo.
O lobo foi à padaria e disse ao padeiro:
- Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las com um pouco de farinha.
O padeiro pensou consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém".
E recusou-se a fazer o que ele pedia. O lobo, porém, ameaçou devorá-lo, e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha branca nas patas.
Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos:
- Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos disseram:
- Primeiro, mostre suas patas, para vermos se você é mesmo a nossa mãezinha.
O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram a porta.
Mas, que surpresa! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar. Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro meteu-se na cama; o terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, na caixa do relógio.
O lobo os foi achando e comendo, um a um. Só escapou o mais moço, que estava na caixa do relógio.
Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco pegou no sono.
Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes, mas não responderam. Afinal, quando chamou o mais moço, uma vozinha muito sumida respondeu:
Mãezinha querida, estou aqui, no relógio.
Ela o tirou de lá e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. Agora, crianças, vocês podem imaginar como a pobre cabra chorou ao pensar no triste fim de seus filhinhos!
Depois de algum tempo, ela saiu e foi andando pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a.
Quando chegaram ao gramado, viram o lobo dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo.
- Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos? pensou ela falando alto.
Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Enquanto isso a cabra buscou um capim que fazia adormecer profundamente e pôs na boca do lobo.
Mal a cabra fez um corte na barriga do lobo, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um pouco e os seis saltaram fora, um a um
Como ficaram contentes! Cada qual queria abraçar mais a mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo acordasse. Mandou que os cabritinhos procurassem algumas pedras grandes. Quando eles as trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-o rapidamente.
Depois de alguns minutos, o lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se a pensar: "Estavam bem gostosinhos os cabritinhos que comi. Mas depois, que coisa estranha! Que enorme peso estou sentindo!
Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá dentro e morreu afogado.
Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram felizes e foram dançar junto ao poço co, todos cantando ao mesmo tempo:
"Podemos viver,
Sem ter mais cuidado.
O lobo morreu,
No poço afogado."
Nicéas Romeo Zanchett