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quinta-feira, 22 de abril de 2021

O LOBO E OS SETE CABRITINHOS - Jakob e Wilhelm Grimm


Adaptação Nicéas Romeo Zanchett 

       Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o maior que as mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve  que ir à floresta em busca de alimento. Então, chamou os cabritinhos e lhes disse: 

       - Queridos filhinhos, preciso ir à floresta. Tenham muito cuidado por causa do lobo. Se ele entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pela sua voz rouca e por suas patas pretas. 

       Os cabritinhos responderam: 

       Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado. 

       A cabra saiu e foi andando despreocupada. 

       Não se passou muito tempo e alguém bateu à porta dizendo: 

      - Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um de vocês. 



      Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam: 

      - Não abrimos a porta, não. Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e agradável. A sua é rouca. Você é o lobo. 

      O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de giz e comeu-o para amaciar a voz. 

      Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta e disse: 

      - Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de vocês.

      Mas o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos  responderam: 

      - Não abriremos a porta, não. Nossa mãe não tem patas  pretas como as suas. Você é o lobo.

      O lobo foi à padaria e disse ao padeiro: 

      - Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las com um pouco de farinha. 

       

       O padeiro pensou consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém". 
       E recusou-se a fazer o que ele pedia. O lobo, porém, ameaçou devorá-lo, e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha branca nas patas. 
  
       Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos: 
       - Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma coisa para cada um de vocês. 
      Os cabritinhos disseram: 
      - Primeiro, mostre suas patas, para vermos se você é mesmo a nossa mãezinha.
      O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram a porta. 
      Mas, que surpresa! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar. Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro meteu-se na cama; o terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, na caixa do relógio. 

       O lobo os foi achando e comendo, um a um. Só escapou o mais moço, que estava na caixa do relógio. 
       Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco pegou no sono. 

         Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes, mas não responderam. Afinal, quando chamou o mais moço, uma vozinha muito sumida respondeu: 
       Mãezinha querida, estou aqui, no relógio. 
       Ela o tirou de lá e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. Agora, crianças, vocês podem imaginar como a pobre cabra chorou ao pensar no triste fim de seus filhinhos! 

       Depois de algum tempo, ela saiu e foi andando pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. 
Quando chegaram ao gramado, viram o lobo dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo. 
      - Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos?  pensou ela falando alto.
      Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Enquanto isso a cabra buscou um capim que fazia adormecer profundamente e pôs na boca do lobo. 
      Mal a cabra fez um corte na barriga do lobo, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um pouco e os seis saltaram fora, um a um 

      Como ficaram contentes! Cada qual queria abraçar mais a mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo acordasse. Mandou que os cabritinhos procurassem algumas pedras grandes. Quando eles as trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-o rapidamente. 
     
        Depois de alguns minutos, o lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se a pensar: "Estavam bem gostosinhos os cabritinhos que comi. Mas depois, que coisa estranha! Que enorme peso estou sentindo!

       Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá dentro e morreu afogado. 
       Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram felizes e foram dançar junto ao poço co, todos cantando ao mesmo tempo: 
"Podemos viver, 
Sem ter mais cuidado.
O lobo morreu, 
No poço afogado."

Nicéas Romeo Zanchett  
 




 


OS TRÊS URSINHOS

 


TRÊS URSINHOS

Era uma vez uma família de ursinhos: o Papai Urso, a Mamãe Ursa e o Bebê Urso. Eles moravam numa linda casinha, no meio da floresta. 

O Papai Urso era o maior de todos e tinha uma voz muito grossa. A Mamãe Ursa era um pouco menor e tinha uma vozinha  meiga. O Bebê Urso era o menorzinho e sua voz era fininha. 

Um dia, pela manhã, quando se levantaram, iam tomar mingau, mas a Mamãe Ursa disse: - Esse mingau está muito quente para ser tomado agora. Vamos dar uma voltinha enquanto ele esfria. 

Deixaram o mingau nas suas tigelinhas e saíram. Enquanto eles estavam fora, apareceu uma menina chamada Cachinhos de Ouro, que morava do outro lado da floresta e tinha o mau costume de fugir de casa. Quando viu a casa dos ursinhos, achou-a muito bonitinha. Aproximou-se e bateu à porta. Ninguém respondeu. Tornou a bater, mas ainda dessa vez, ninguém respondeu. Então, meteu a mão na porta e entrou

Logo à sua frente, na mesa da cozinha, avistou as tigelinhas de mingau. Provou o mingau da tigela maior, mas achou-o muito quente. Provou o da tigela do meio e achou-o muito frio. Então provou o da tigelinha menor e achou-o ótimo. Por isto, comeu todo o mingau que havia nela. Depois, passou à sala, onde encontrou três cadeiras: uma grande, uma menor e outra menor ainda. Sentou-se na cadeirinha e achou-a muito confortável. Mas, sentou-se com tamanha falta de modos, que quebrou a cadeira em pedaços. Depois, "Cachinhos de Ouro" foi ao quarto dos ursinhos. Lá dentro havia três camas: uma grande, uma menor e uma menorzinha ainda. Deitou-se na do meio e achou-a macia demais. Deitou-se na pequeninha e achou-a muito boa. Ali ficou quietinha e acabou pegando no sono. Enquanto ela dormia, os ursinhos voltaram do passeio. Foram logo à cozinha para tomar o mingau e, com surpresa, verificaram que alguém tinha estado ali. Papai Urso perguntou com voz grossa: - Quem mexeu no meu mingau?

 Mamãe Ursa perguntou com sua voz meiga: - quem provou o meu mingau?   O Bebê Urso, com sua voz fininha, chorando, perguntou: - Quem comeu meu mingauzinho? 

Os três ursinhos foram à sala. Papai Urso olhou para sua cadeira e exclamou: - Alguém sentou na minha cadeira! 

Mamãe Ursa, com sua voz meiga reclamou:  - Alguém também sentou na minha cadeira!

Bebê Urso, chorando, queixou-se: - Alguém quebrou minha cadeirinha!

Foram andando para o quarto. Papai Urso olhou para sua cama e perguntou: - Quem esteve deitado na minha cama? 

Mamãe Ursa olhou para sua cama e disse: - Alguém esteve deitado na minha cama! 

Bebê Urso, com sua voz fininha, gritou: - está deitado na minha caminha!

"Cachinhos de Ouro" acordou com o grito do Bebê Urso. Ficou assustadíssima quando viu os três ursinhos no quarto. Saltou da cama, correu pelo quarto, pulou a janela e continuou correndo pela floresta, tão depressa quanto suas pernas podiam. E daí por diante, nunca mais ela fugiu de casa. 

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Nicéas Romeo Zanchett