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sábado, 3 de agosto de 2013

O LOBISOMEM - Por Carmem Dolores.


O LOBISOMEM 
 Por Carmem Dolores 
Adaptação
Nicéas Romeo Zanchett  
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                   A festa de São Benedito e de Nossa Senhora do Rosário corria alegre, na pequena cidade de Lagarto, estado de Sergipe, e a procissão seguia vagarosamente com o seu aompanhamento de negros e mulatos, Congos e Tanngeras, cantando em cadência:
   " Fogo da terra 
 Fogo do mar, 
Que a nossa rainha
 Nos há de ajudar." 
                     As raparigas, vestidas de branco e enfeitadas de fitas, dançavam na frente das imagens, esganiçando juntas este coro: 
"Virgem do Rosário, 
Senhora do mundo, 
Dai-me um côco d'água, 
Senão vou ao fundo...
Inderê, rê, rê, rê...
Ai! Jesus de Nazaré! 
                      Ao que respondiam os negros: 
"Meu São Benedito
Não tem mais coroa; 
Tem uma toalha, 
Vinda de Lisboa...
Inderê, rê, rê, rê...
Ai! Jesus de Nazaré! 
                     De súbito rompeu uma briga e cruzaram-se gritos, ameaças e vociferações, irrompendo a marcha da procissão.  Um negro velho, de carapinha branca, avançou para o tumulto e indagou autoritário qual a causa do distúrbio. 
                      Aquilo era uma falta de respeito! E a tarde ia caindo. Queriam eles que anoitecesse com as imagens no campo, longe da capelinha? 
                      - Ai, pai Chico! exclamou uma negra já idosa, aproximando-se; aquilo é a minha desgraça! São os meus dois filhos, Cazuza e Januário que estão se desafiando por causa da Rosa, com quem todos os dois querem casar-se! 
                      Nesse momento o alarido tomou ainda maiores proporções, ouviu-se o estalido de violas partidas e servindo de arma para dar pancada, e apareciam lutando dois mulatos destemidos e assomados, em cuja camisa já se lastravam algumas nódoas de sangue. 
                      - Para! para! gritavam. O negro velho, de carapinha branca, interpôs-se e conseguiu agarra-los pelo braço, desenvolvendo uma força de espantar  naquela idade avançada.  E conservando agarrados os dois lutadores, berrou para a procissão, que se apinhava, desordenada:
                      - Forma, rapazes! E para a frente! Seguir! Nós vamos daqui a pouco. 
                      Em breve, a longa fila de gente e de imagens estendia-se pelo caminho e pouco a pouco sumia-se na primeira dobra, ao som dos cantares e das danças; e o silêncio restabeleceu-se sobre o grupo de pai Chico segurando os dois mulatos, agora mais calmos e atendendo ás repreensões da negra idosa, que era a mãe deles.   
                      A tarde ia escurecendo. De repente, um latido agudo e lastimoso cortou o espaço, e viram passar a galope para os lados do sertão um grande cachorro negro, com olhos de brasa que desferiam faíscas luminosas. 


                      - Credo! Te esconjuro! O lobisomem!... brandaram todos, abaixando a cabeça e fazendo o sinal da cruz. Os latidos foram se afastando lentamente. 
                     Então o velho pai Chico virou-se para os dois mulatos, e disse-lhes: 
                     - Vocês sabem quem vai ali? é o cabra do Leocádio, coitado! que matou o irmão por causa da Virginia. Ambos queriam casar com a mulatinha, e sai briga que puxa briga, até que na noite de Reis, na festa da Sapinha, Leocádio enterrou a faca no peito de seu irmão... 
                     - São Benedito nos acuda! exclamaram os outros. 
                     - Pois foi mesmo São Benedito que castigou Leocádio, o tornou negro e lhe transformou em lobisomem, que todas as noites é condenado a andar pelo sertão, sem descanso. 
A esta hora  já vai o desgraçado cumprir a sua sina até o alvorecer da madrugada... 
                     - Ah! pai Chico! interromperam os dois mulatos, por Deus que nós não brigaremos mais por causa da Rosa.  
                      - Eu juro por esta cruz! disse o Cazuza, cruzando os dedos e beijando-os.
                      - Eu vou para o Rio de Janeiro sentar praça! disse o Januário. 
                      - E eu? choramingou a negra velha, então eu vou ficar sem meu filho? 
                      - Quer antes que ele mate um dia o irmão e vire um lobisomem? perguntou o pai Chico encolerizado. 
                      A preta então resignou-se. E o Januário partiu mais tarde para o Rio de Janeiro e nunca mais brigou com o irmão. 
                      O cabra Leocádio, coitado! esse continua sempre sendo um lobisomem. 
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Pesquisa, adaptação e postagem: Nicéas Romeo Zanchett 
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2 comentários:

  1. que conto lindo - so tenho medo de lubsomem kkkkkk - as vezes so vejo lubsomem sabia? e verdade kkkk bjs amo tudo que fazes, fazes bem feito. sinceramente tens uma inteligencia incrivel.

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  2. pessoas assim, criativas sao valiosas, em tudo que fazes , por isso nunca dexei de te amar. qdo fico triste penso em vc e logo a dor vai. estais presente sempre em minha vida, parece que te tenho a anos. suas obras sao maravilhosas qto mais se le mais dar vontade

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