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sexta-feira, 31 de maio de 2013

A PRINCESA ÍNDIA DOS OLHOS AZUIS

A PRINCESA ÍNDIA DOS OLHOS AZUIS
                    A princesa Guabiyú era alta e esbelta, mas ainda era muito jovem; tinha apenas 15 anos de idade. Conservava os cabelos compridos até os pés e soltos ao vento. Seus olhos eram azuis como um céu de primavera cheio de estrelas.  
                    Seu pai, o cacique Murubichá, conhecido por sua valentia como "o forte", e sua mãe era a índia Urupilá, a pomba. 
                    O  nome da princesa foi escolhido pelos pais no dia de seu nascimento e quer dizer "Árvore de frutas".
                    A princesinha, além dos olhos azuis, tinha um coração meigo e doce como um fruto feito de mel. Para aproximar-se de tão delicada e bondosa criatura e para contemplar seus serenos  olhos da cor do céu, vinham mães índias de toda parte da América do Sul, trazendo os pequenos filhos, com a esperança  de que, ao olharem a princesa, os olhos de suas crianças ficassem da mesma cor dos olhos de Guabiyú. Mas isto não acontecia e, depois de algum tempo, mães e filhinhos regressavam às suas aldeias, em longínquas terras, com os olhos pretos como eram; tão pretos como penas de um urubu.
                    Não eram apenas as índias que vinham com seus filhinhos para olharem a princesa; vinham também muitos animaizinhos, pássaros, borboletas das mais variadas cores e até leões que viviam escondidos nas longínquas selvas. Ficavam muito felizes por estarem perto da princesinha.
                    Guabiyú vivia contente, sempre rodeada de seus novos amigos. Logo aprendeu a falar a língua dos bichos que eles lhe ensinaram chamá-los por seus nomes e lhe contavam suas pequenas histórias. Foi através deles que a princesinha soube que a corça  vivia triste porque os seus chifres não cresciam, ao passo que os do cervo , seu marido, alcançavam muito mais de dois palmos de comprimento; e também porque não podia olhar a princesa de frente, sem que seus olhos, muito grandes, vertessem lágrimas, chorando sem consolo. A princesinha soube também que o sapo Cauê só podia vestir-se com a cor da terra úmida e coaxava com uma voz grossa e rouca, enquanto sua prima, a rã lulú, que vive no meio das ervas molhadas, exibia lindos vestidos verdes e possuía um campainha de cristal na garganta. Cauê achava que isto não era justo e vinha queixar-se perante os olhos azuis da princesinha. Soube também que o cardeal estava começando a ficar cansado por ter de se vestir sempre de vivas cores; e também ficou sabendo que a cigarra andava muito aborrecida porque todos a consideravam apenas uma caixinha de música e por isso riam-se dela e até a tinham apelidado de "guitarra do diabo". 
                     Mas uma das coisa que mais entristeceram Guabiyú foi saber que a tartaruga, a senhora do rio, cuja casca parece uma gamela, morria de inveja por ver os bandos de borboletas voando sobre a cabeça e ao redor da princesinha, formando em torno dela uma espécie de nuvem multicolorida e brilhante. De fato, as borboletas amavam muito a princesinha e haviam formado um verdadeiro exército de milhares de asas de todas as cores, que a acompanhava sempre por onde ela fosse. 
                     E assim, vivia muito feliz a princesinha índia dos olhos azuis, sempre cercada por seus amiguinhos do céu e da terra. Todas as tardes, logo depois de terem brincado com ela o dia inteiro e jogado todos os jogos que conheciam, vinham  sentar-se ao seu redor, junto dos seus pés, bem quietinhos, esperando que ela os olhasse, pois seu olhar era benfasejo e tão lindo que parecia uma luz celestial; somente depois disso é que voltavam para suas casas na floresta. 
                    Nessa hora já se podia ver o por do sol e a corsa chorona correndo até o ponto mais alto da colina, desfiando o seu rosário de lágrimas que mais pareciam pérolas de um longo colar. 
                    Via-se também o sapo Cauê dando seus pulos, envolto em sua roupa cor de barro, e dizendo com sua voz rouca: - "boa noite! boa noite! . Atrás dele, com veste cor de limo, ia a rãzinha agitando as campainhas da garganta para dizer "adeus", "adeus", com sua fina voz de cristal. De um só salto, o cardeal voava, desaparecendo no ar como uma chispa colorida. Por último ia devagarinho a tartaruga até a beira do rio; voltava triste, mas ainda se virava para ver as borboletas que iam fechando suas asas e se acomodavam sobre a vasta cabeleira da princesinha. As borboletas, favoritas de Guabiyú, ficavam a noite inteira junto dela e até faziam ninho entre os seus cabelos, em largas filas brilhantes, segundo o tamanho e a cor de cada uma.  E ali ficam dormindo, vigiadas por suas rainhas, a borboleta amarela chamada Tanambí, que quer dizer "cor do dia" e a borboleta negra chamada Urá, que quer dizer "cor da noite". 
                     Numa tarde, a princesa foi até à beira do rio para descansar e dormir. Ao despertar, olhando-se no espelho da cristalina água do rio, percebeu que havia desaparecido o azul celestial de seus olhos.  Eles tavam pálidos, quase tão brancos como as penas de uma garça que vivia perto da lagoa Grande.  Guabiyú chorou amargamente e suas lágrimas também já não eram azuis, mas descoloridas e frias como as gotas do orvalho. 
                      Junto da princesa, choraram todos os seus amiguinhos da terra e do céu.  Seu pai, o cacique Murubichá e sua mãe Urupilá , também choraram todas as lágrimas de seus negros olhos.  Sabiam muito bem que, se depois de uma semana, não lhe voltasse o belo azul, Guabiyú, com certeza, morreria. Parecia que aquele seria o seu fim. 
                       Murubichá  e Urupilá mandaram fazer dois grandes avisos, nos quais se dizia que quem recuperasse o azul dos olhos da princesa e o devolvesse, com ela se casaria e poderia enfeitar a fronte com as penas amarelas, que eram o sinal do poder e da força.  Esses avisos foram entregues  à velha e desplumada águia e ao menos velho e pelado macaco preto.  Como ambos eram muito antigos e fiéis servidores da família do cacique, e como queriam muito bem à princesinha, desde logo foram cumprir a missão que lhes fora confiada. 
                       A águia exibiu o o cartaz  em seu bico durante muitas horas, sobrevoando o campo, o rio e a lagoa. Também o macaco preto, carregou o outro cartaz até os mais altos ramos das árvores e das esbeltas palmeiras e depois o estendeu por muitas horas no chão, perto dos caminhos que os bichos fazem para ir ao rio beber água. Todos os animais que passaram por esses caminhos traçados no campo ou no mato, tomaram conhecimento da novidade.
                        Dessa forma, tanto os que vivem no céu quanto os que vivem nas florestas ficaram sabendo da promessa e das intenções do cacique. 
                        Ao saber da notícia, a rápida corsa, com os olhos cheios de lágrimas, saiu correndo o mais rápido que podia. Ficou fora durante cinco dias, sem voltar para casa, e finalmente, no quinto dia,  apareceu trazendo amarrada aos chifres uma finíssima rede de seda, de uma cor azul claro transparente, que para ela havia tecido a amiga aranha que morava nos confins da floresta. A corsa aproximou-se da sua amada princesinha e pôs a rede em suas mãos. Guabiyú, em silêncio, ficou por longo tempo olhando aquela bela rede de seda; seus olhos continuavam tão claros como antes e a corsa deitou-se ao seus pés e continuou a chorar tristemente. 
                         Também o sapo Cururú, que muito amava a princesinha, que quando viu o cartaz saiu  dando grandes saltos ficando desaparecido por cinco dias, voltou; trouxe consigo na boca quatro brilhantes pedrinhas de uma lindíssima cor azul, que um amigo lhe havia dado de presente no pântano.  Chegou-se junto à sua adorada princesinha e depôs as quatro pedrinha em suas mãos; Guabiyú ficou por longo tempo contemplando aquelas pedrinhas, mas seus olhos continuaram como haviam ficado. Então o sapo deitou-se aos seus pés e ali ficou triste e calado.  
                         Chegou a vez da rãzinha que, toda vestida de verde, lá se foi, fazendo soar a campainha  e desaparecendo  entre a vegetação. Depois de cinco dias e cinco noite ela voltou cheia de esperança. De um único salto subiu ao colo da princesinha e, colocando-se entre as suas mãos, nelas depositou cinco estrelinhas azuis e brilhantes como gotas de fogo, que seu amigo vagalume lhe deu, arrancando as luzes do próprio corpo. A princesa contemplou longamente aquelas estrelinhas, sem nada dizer, mas finalmente seus olhos mudaram de cor, mas não ficaram azuis como antes. A rãzinha, como uma folhinha verde, também se deitou aos pés de Guabiyú.
                          Chegou a vez do cardeal. Seguindo um raio de sol, desapareceu entre as mais altas nuvens, em meio das quais sua sombra ficou bailando por alguns minutos, como uma gotinha de  sangue. Durante cinco dias ninguém soube notícia dele. No fim da quinta noite, ele reapareceu. Desta vez trazia no bico umas pequeninas penas azuis que, sob a luz noturna, pareciam feitas com fios do luar. Quem lhes dera fora o beija-flor, que as retirou de suas mais belas roupas de festa.  O cardeal colocou as peninhas azuis nas mãos da princesa, que logo se pôs a olhá-las por longo tempo e em completo silêncio, até que as deixou cair no chão. Mas, mesmo assim, seus olhos não voltaram a ser azuis. E o cardeal, um pouco decepcionado, também deitou-se aos pés da princesinha e ficou quietinho. 
                          Também a tartaruga, sem dizer nada a ninguém e sem ser notada, foi-se com o seu passo lento, porém agora um pouco mais ligeiro,  na maior pressa que lhe era possível conseguir sua contribuição. Ficou desaparecida por cinco dias, até que na quinta noite reapareceu junto aos pés descalços da Guabiyú, deixando sobre eles a mais azul de todas as flores azuis que havia na terra. Recebera-a do seu amigo tatu, o mais arisco bichinho que já se viu. A princesa pôs-se a olhar longamente para aquelas mimosas flores, que mais pareciam pedacinhos do céu. Mas seus olhos continuavam sem cor e inexpressivos. A tartaruguinha, triste e aborrecida, ocultou a cabeça e as patas sob sua casca e ali ficou como uma gamela emborcada. 
                            Vendo tudo isso, as borboletas azuis arrancaram as própria asas e as deixaram cair suavemente no colo de Guabiyú. Mas nada acontecia e os olhos da princesinha continuavam na mesma triste situação. 
                             Todos já estavam temerosos pela vida da princesinha. Durante a noite, aproveitando o sono de Guabiyú, todos os seus amigos se encaminharam para a margem do rio, onde o índio pescador Ara-berá, que era apaixonado pela princesinha, estava pescando. Ele tinha 15 anos, olhos e cabelos pretos como as penas de um urubu e compridos como os da princesinha; seu corpo era da cor do cobre e brilhava ao sol como reflexos de ouro. Foi por causa desse brilho no corpo que lhe deram o nome de Ara-berá, que quer dizer o relâmpago. Todos os pássaros do local acompanhavam o pescador pelo seu brilho, que até parecia um espelho ao sol. Ele era amigo de todos e a todos conhecia, chamando pelo nome de cada um. 
                             Quando Ara-berá soube do acontecimento e que ninguém conseguira recuperar a cor dos olhos da princesa ficou muito triste, sentou-se à beira do rio e pôs-se  a chorar. Todos os seus amigos pássaros vieram consolá-lo, mas ele continuava sobfrendo por sua amada princesinha. 
                             Enquanto estava sentado à margem do rio, uma tartaruga, que era muito sua amiga, saiu das águas; contou-lhe que descobrira no rindo do rio, onde morava escondida, uma flor maravilhosa, com pétalas de um azul tão suave e puro, que as águas em redor se haviam tingido da mesma cor; uma cor tão linda que parecia o céu nas manhãs de sol. Disse ainda que estava desconfiada que tinha sido aquela flor que havia roubado a cor dos olhos da princesa e ali estava escondida.
                             Ara-berá inclinou-se e, olhando atentamente, conseguiu ver a preciosa flor, que tinha roubado a cor dos olhos Guabiyú.  Constatou que só podia ser aquilo que sua amiga tartaruga lhe havia contado. Então ele lanço sua rede - uma, duas, três, dez vezes, bem ao fundo do rio, mas a flor conseguia escapar passando entre as malhas, e escondendo-se nas areias do fundo. 
                            Já desanimado, o pescador tornou a sentar-se tristemente à margem, sem saber o que fazer. Nesse momento apareceu sua amiga rãzinha verde, que todos chamavam de bisbilhoteira e leva-e-traz; de fato, ela sabia da vida de todo mundo daquele lugar, pois vivia espiando às escondidas. 
                           A rãzinha disse que ele só conseguiria apanhar aquela flor azul, se mergulhasse pessoalmente até o fundo do rio. Mas era muito perigo e Ara-berá poderia morrer afogado, pois o rio era muito fundo. 
                          Ouvindo essa explicação, o índio pescador não pensou duas vezes e atirou-se nas águas profundas; passou um longo tempo e ele não retornava à superfície; todos os pássaros começaram a sobrevoar o rio chorando, e suas lágrimas formavam grandes círculos coloridos. 
                          Quando a princesinha soube do que estava acontecendo, veio correndo até a beira do rio e viu o pobre Ara-berá no fundo do rio estendido, com a flor azul na mão direita. Mas o corpo do jovem pescador havia perdido sua cor de cobre brilhante e estava pálido como os olhos da princesa. 
                          Guabiyú imediatamente pegou a rede do pescador e lançou-a no rio. Precisou da ajuda dos amigos pássaros que estavam juntos dela. Quando pucharam a rede trouxeram consigo o corpo do pescador segurando a preciosa flor entre as duas mãos. Mas ele estava desmaiado e não reagia a nenhum estímulo de seus amigos. 
                          A princesinha, muito triste, começou a chorar amargamente. Quando suas lágrimas caíram sobre aquela linda flor, a cor azul fugiu de suas pétalas e, à media em que ia embranquecendo, seus olhos iam voltando a ser azuis. 
                          Enquanto isso acontecia, o pálido corpo do pescador foi também readquirindo sua brilhante cor de cobre e os pássaros vieram olhar-se naquele espelho de sol, que eles tanto gostavam. 
                         Aos poucos, o jovem pescador despertou de seu sono, e vendo a princesinha ao seu lado, já com os olhos azuis, a olhá-lo com tanta ternura, ficou encantado e muito feliz. Levantou-se, e tomando Guabiyú pelo braço seguiu levando-a de volta para seus pais. Todos os amigos que estavam presentes os seguiram cheios de emoção e felicidade. 
                         Os pais da princesinha, muito felizes, cederam a mão de sua amada filha em casamento ao pescador apaixonado. E colocaram na cabeça de Ara-berá as quatro penas amarelas, sinal da força e do poder. 
                         Depois de alguns anos, já velhinhos, os pais da da princesinha morreram e Guabiyú e seu esposo Ara-berá passaram a ser os chefes da tribo.
                         A princesinha e seu marido viveram muito felizes, e durante todo seu reinado protegeram seus amiguinhos animais do céu e da terra. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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quarta-feira, 29 de maio de 2013

O CAVALEIRO SUÍÇO E O LEÃO

O CAVALEIRO SUÍÇO  E O LEÃO
                       Este fato aconteceu no tempo das "Cruzadas". As Cruzadas é o nome que se deu a uma Guerra Santa, promovida pelos Papas da Igreja Católica, para libertar os lugares que eles consideravam sagrados. Essa guerra se estendeu por centenas de anos e, em nome da fé, mataram muitas pessoas inocentes, inclusive queimando-os vivos em fogueiras. Quem não pensava como eles era considerado herege e ia a julgamento.
                       Naquele tempo, houve um guerreiro conhecido como Cavaleiro de Tun". Tinha esse nome por ter nascido num pequeno povoado chamado Tun, na Suíça.
                       Algumas vezes, os guerreiros cruzados, que tomaram parte nas lutas, não precisavam guerrear; tinham suas folgas e podiam percorrer os arredores de seus acampamentos. 
                        Certo dia, esse cavaleiro entrou numa floresta para abrigar-se do calor. De repente, começou a ouvir uns terríveis rugidos. 
                        - Nossa Senhora! exclamou, assustado. É um leão, com toda a certeza...
                        Resolveu fugir imediatamente, para recolher-se a seu acampamento, quando notou que os rugidos eram de dor. Mais pareciam fortes gemidos causados por grande sofrimento. 
                        Sendo homem de bom coração, dominou o medo e começou a procurar por toda a parte o causador de seus sustos, pensando: 
                        - Sem dúvida, está ferido.  Preciso achar esse pobre animal para socorrê-lo. 
                        Caminhando de um lado para outro, percebeu perfeitamente que os rugidos, cada vez mais angustiados, vinham de alguma caverna ou cova, pois pareciam sair do fundo da terra. 
Realmente, logo encontrou muitas armadilhas para apanhar animais selvagens. Consistia em uma grande fossa disfarçada por uma cobertura de ramos e folhagens. Qualquer animal, que pisasse nessa cobertura, cairia fatalmente na fossa e seria capturado pelos caçadores. 
                        Seguindo os terríveis rugidos do leão, o cavaleiro chegou ao lugar exato onde estava o leão sofredor. De fato, ele caíra na armadilha, ficando todo enrolado por cipós e cordas colocadas pelos caçadores. Na violenta queda, tinha quebrado uma perna. E pôs-se a rugir de dor e também de desespero por não poder fugir dali. 
                         Sem o menor receio, o valente cavaleiro aproximou-se, cortou as cordas e cipós  e estendeu as mãos ao leão, para ajudá-lo a sair da cova. 
                         A terrível fera ergueu uma pata, guarnecida de fortes garras, para aquelas mãos salvadoras, sem lhes causar qualquer dano. Então, com grande esforço, tanto do homem como do leão, pode este sair da fossa. 
                         O cavaleiro, muto jeitosamente, fez a fera deitar-se, deu-lhe de beber, falou-lhe com brandura, acariciou-lhe a vasta juba, tratou-lhe da perna com todo o cuidado; tornou a fazer-lhe agrados e, como se o animal pudesse entender, assim lhe falou: 
                         - Meu querido leão, até à vista! Sinto deixá-lo, mas chegou a hora do meu regresso ao acampamento, para junto dos meus companheiros. 
                         Claro que a fera nada podia responder com palavras. Mas sua resposta foi dada pelo seu procedimento. Quando o cavaleiro partiu, ela o foi seguindo, mancando de uma perna, ainda sentindo as dores da fratura. 
                         Desde aquele instante, o guerreiro e o leão se tornaram companheiros inseparáveis. 
                           Iam juntos a toda a parte e o leão sempre se mostrava tão manso como qualquer animal doméstico. Comia ao lado do cavaleiro, dormia perto de sua cama e o ajudava a guerrear, investindo junto dele contra os inimigos, que fugiam apavorados ao ver a terrível fera. Graças a isso, o cavaleiro voltava sempre vencedor e ileso de suas lutas. 

                           Chegou um dia, entretanto, em que o bom cavaleiro tinha que voltar à sua longínqua pátria.  Comovidamente, contou isso ao leão, abraçando-o com ternura e até derramando muitas lágrimas sobre a sua grande juba, que parecia luminosa aos raios do sol.
                            Embora não entendesse as palavras do seu amigo e companheiro, mas percebendo, talvez pelo instinto, a próxima separação, o leão ficou triste como se tivesse entendido todas as palavras do amigo, e assim permaneceu até a última hora.
                            Compreendeu, porém, que ia ser abandonado, quando viu o companheiro deixá-lo e dirigir-se apressadamente para um barco que o esperava. 
                            Quando a embarcação deslizou para o alto mar, o leão em desespero, lançou um angustioso rugido e atirou-se às ondas.  Pôs-se a nadar arrojadamente atrás do barco, mas este era mais veloz. Sentindo-se sem forças, o animal deixou-se ficar à mercê das ondas, disposto a morrer, como que compreendendo a inutilidade do seu sacrifício. 
                            Conta-se  que, nessa hora, o capitão do barco, condoído pelo sofrimento do leão, fez uma manobra de contramarcha e voltou para salvá-lo. 
                            E assim, os dois amigos viajaram juntos para a Suíça; lá viveram juntos e felizes por muitos anos. 

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MORAL DA HISTÓRIA
Todo o sofrimento precisa de compaixão. Não se pode abandonar alguém à própria sorte, por medo ou por preconceito. Jesus dizia que quando alguém nos dá uma "bofetada" na face,  devemos oferecer a outra. Portanto, nunca devemos revidar o mal que alguém nos fez, pois todo o mal sempre se volta contra o seu malfeitor. A violência sempre gera violência; da mesma forma, o amor sempre gera amor. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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O NINHO

O NINHO 
                  Numa tarde, Henrique apareceu correndo afobadamente e gritando: 
                  -Mamãe! mamãe!... olha o que está aqui no meu chapéu!... 
                  A mãe, vendo o pobre passarinho que o filho estava quase matando com a mão, perguntou: 
                   - Onde você achou? é um pintassilgo! 
                   - É isso mesmo, um pintassilgo! Eu o achei hoje cedo num arbusto do jardim. Esperei que começasse a escurecer; fui indo devagarinho, bem devagarinho e - zás!... - peguei-o pelas asas, na horinha que ele ia fugir. 
                   - Ele estava só no ninho? perguntou-lhe a mãe. 
                   - Não mamãe. Estava com seus filhotinhos. Eles são tão pequenininhos, tão "pelados", que não podem fugir. 
                      -  Que vai fazer com esse pintassilgo? 
                      - Vou prendê-lo numa gaiola, para ficar dentro de casa. 
                      - E que vai acontecer aos pobres filhotinhos? 
                      - Nada mamãe! Eu darei comida a todos eles, darei água... Daqui a pouco vou buscar os três. São só três, mamãe!... 
                      Henrique ia sair correndo, mas a mãe segurou-o pelo braço, para dizer-lhe com doçura: 
                      - Tenho medo de que você não tenha tempo para isso....
                      - Dá tempo sim, mamãe!  Sabe onde é o pezinho de tangerinas, ali no canto do muro? Pois é ali que eles estão. Volto já correndo. 
                      - Não digo isso por causa da distância. Sei que é ali perto. Estou dizendo isso porque agora mesmo uns guardas estão vindo para prender você. Eles já devem estar no jardim...
                      - Guardas?! perguntou Henrique espantado. Para me prender?!... 
                      - Verdade, meu filho! confirmou a mãe, muito séria. Já prenderam seu pai e agora estão chegando para levar você...
                      - Meu Deus! Que será de nós? 
                      - Nada, Henrique. Você e seu pai ficarão presos numa casa e de lá não poderão sair. 
                      - Que guardas malvados! 
                      - Não se assuste nem se zangue, meu filho. Vocês terão tudo o que precisarem; menos a liberdade e a alegria de me ver todos os dias... Por que está chorando, Henrique? Acha que é muito ruim ficar preso? 
                       Henrique, a soluçar, não podia responder. Sua mãe, colocando-o no colo e agradando-o muito, continuou: 
                       - Sossegue meu filho! Eu quis apenas enganá-lo. Por que acha  malvados os guardas? Então você também é malvado por prender  o pintassilgo, seus filhotes e conservá-los separados. Não acha?


                      - É mesmo! É verdade! Pois vou soltá-lo já!...
                      Livre o pintassilgo pipilou alegremente, voando para o arbusto à procura do ninho, onde os filhotes  esperavam-no aflitos, piando de frio e de pavor....
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MORAL DA HISTÓRIA
 A liberdade é o bem mais precioso que Deus nos deu. Quando prendemos um passarinho ou outro animal, não o fazemos por amor, mas sim por egoísmo e para o nosso prazer. Amar os animais é deixá-los livres para viver na natureza como Deus os fez. "O verdadeiro amor não aprisiona, mas liberta". 
Nicéas Romeo Zanchett 
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QUANDO VOCÊ COMPRA PASSARINHOS OU OUTROS ANIMAIS NA FEIRA, ESTÁ CONTRIBUINDO PARA O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES.MUITOS JÁ ESTÃO EXTINTOS.

O MACAQUINHO COR DE ROSA

                                                 O MACAQUINHO COR DE ROSA 
                  Era uma vez um macaquinho muito engraçado, de pelos claros e sedosos. Por isso mesmo, era chamado de macaquinho cor de rosa. 
                  Vivia com sua família nos galhos de uma árvore, no coração da floresta. Era alegra como um garoto e só queria saber de saltar de galho em galho, perseguir borboletas, procurar ninhos e comer frutas. Estas eram a sua paixão. 

                   Tinha, porém, um prazer muito maior: imitar os homens. É exatamente o que fazem certos garotos, que querem igualar-se aos meninos mais velhos e aos adultos. 
                   Um dia, o macaquinho cor-de-rosa, saindo atrás de uma borboleta para caçá-la, foi até o fim da floresta. De lá avistou, não muito longe, um homem que fumava calmamente seu cachimbo, sentado à sombra de uma árvore. 
                   Vendo aquilo, arregalou os olhos e abriu a boca, extasiado. 
                    Pensava:  - Ah! Se eu tivesse um cachimbo!... Que bom seria voltar para casa soltando fumaça pela boca e pelo nariz, como um fogão com duas chaminés... Todos me invejariam: meus pais, meus irmãos, meus amigos, grandes e pequenos. Que bom se eu tivesse um cachimbo!...
                    Enquanto olhava o homem fumando - feliz com esses pensamentos - o macaquinho notou que ele colocou o cachimbo em cima de uma pedra, deitou-se na relva, bocejando, e começou a dormir.
                    O macaquinho não esperou mais nada: foi-se chegando de mansinho, apanhou rapidamente o cachimbo e fugiu para a floresta, rumo de casa. 

                    A família e os amigos, vendo-o chegar de cachimbo fumegante na boca, e soltando baforadas de fumaça, como se fosse uma chaminé ambulante, ficaram admirados, e puzeram-se a rir como doidos. 
                    Por fim, o macaco, pai do macaquinho cor-de-rosa, passou a falar-lhe seriamente: 
                    - Olhe, meu filho,  com essa mania de imitar os homens você acabará transformando-se em gente... Daí por diante é que você vai arrepender-se amargamente do seu grande erro... 
                    O macaquinho ficou preocupado e confuso. Era melhor, pensou, logo depois, ouvir o conselho paterno. Jogou bem longe o cachimbo, que se quebrou. E nunca mais quis fumar. 
                    .
MORTAL DA HISTÓRIA 
 Não devemos imitar os outros; agindo dessa forma estamos nos igualando aos macacos.
Fumar não é saudável nem para adultos, imaginem o mal que pode fazer às crianças; causa câncer e muitos outros sérios problemas de saúde.  
Nicéas Romeo Zanchett
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terça-feira, 28 de maio de 2013

O TESOURO DO BOSQUE

 

                                               O TESOURO DO BOSQUE 
                    Pedrinho fica muito feliz com as histórias que sua vovó lhe conta.
                    À noite, na cozinha, enquanto as ouve, sentado com seus irmãos perto do fogão, parece que tudo é verdade e imagina que as fadas, os mágicos e as varinhas encantadas são coisas que existem por este mundo. 
                   É por isso que, durante o dia, enquanto faz alguma coisa, um serviço ou uma lição escolar, muitas vezes fica distraído, relembrando as histórias  ouvidas. Quando vai buscar lenha no mato, perto de casa, fica esperando que lhe apareça, entre as árvores, o vestido de nuvens de uma boa fada ou as longas barbas de algum feiticeiro. 
                    Uma tarde, ao lusco-fusco, voltava Pedrinho do povoado próximo com uma cesta de laranjas, que ganhara de presente de sua madrinha, a quem tinha ido visitar. 
                    O pequeno trecho de mato, que precisava atravessar, já estava  quase escuro. De repente, viu alguma coisa brilhante, perto de uma árvore, parou um pouquinho, olhou atentamente e foi aproximando-se, curioso. Eram umas varinhas que brilhavam, parecendo prata. 
                     - Está me acontecendo como nas histórias! pensou ele. Quem sabe se estas varinhas pertencem ao tesouro dos anões?!... De certo, vieram eles contar suas riquezas aqui e esqueceram-se delas... 
                     Ergueu-se depressa e guardou-as na cesta, jogando fora as laranjas. 
                     Tratou de voltar o mais depressa possível para casa, muito alegre com o precioso achado. 
                     - Amanhã, pensava ele, farei uma surpresa a todos...
                     Mas no dia seguinte - ai! -  só encontrou na cesta um montinho  de varas secas, dessas que a umidade faz com que fosforescer no escuro...
                     Pobre garoto! Como se enganara! 
                     Estava a ponto de chorar, mas a vovozinha, que soube de tudo pelo próprio Pedrinho, consolou-o  com estas palavras: 
                     - Não reprovo que você acredite nas histórias maravilhosas, mas o que aconteceu, Pedrinho, deve servir de lição. Muitas coisas, que, vistas superficialmente, parecem muito valiosas, se mostram insignificantes quando examinadas com cuidado. As aparências enganam. Você se lembra de que chorou muito quando seu pai não quis comprar aquele trenzinho de folha-de-flandres, exposto na vitrina de uma loja de brinquedos? Quem sabe se, visto bem de perto, o trenzinho não teria causado o mesmo triste efeito que estas varinhas, que você  recolheu como se fossem um tesouro do bosque? 
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MORAL DA HISTÓRIA
Não devemos nos precipitar com julgamentos, porque, muitas vezes, as aparências enganam. 
Nicéas Romeo Zanchett,
                      
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domingo, 26 de maio de 2013

O MÁGICO E OS RATOS

                                                           O MÁGICO E OS RATOS

O MÁGICO  E OS RATOS
                   Conta-se que em tempos desconhecidos houve uma cidade que um dia foi completamente invadida por uma assustadora multidão de ratos. 
                   Ratões, ratazanas e ratinhos espalharam-se por toda a parte, sem o menor medo das pessoas. Entravam pelas portas e janelas, subiam pelas escadas, iam às cozinhas, aninhavam-se nas camas e subiam nas mesas para comer. 
                   Quanto mais eram atacados e mortos, parece que mais aumentava seu inconcebível número. 
                   Que terrível praga! Que desespero e horror! 
                    Certo dia, quando os habitantes já estavam desanimados e sem saber o que fazer, apresentou-se ao prefeito da cidade um curioso homenzinho, com uma flauta na mão. 
                      - Senhor prefeito - disse ele - se prometer pagar-me um escudo, eu, com as músicas que sei tocar nesta flauta, deixarei a cidade inteiramente livre de tão incômoda e perigosa praga.
                      - Prometer, não prometo - respondeu o prefeito. Só pagarei a moeda de ouro se você realizar, de fato, o que diz. 
                      Então o esquisito homenzinho posicionou-se no meio da praça central da cidade e pôs-se a tocar na flauta uma estranha melodia.                   
Tocava, dançava e cantava assim: 
"Ratos, ratinhos ratões,
Deixem casas e porões.  
Fora daqui, já e já!
Vamos comigo pra lá!
Sou mágico e lhes darei
Doces, queijos, que nem sei! 
Vamos depressa, depressa, 
Vamos comigo, ora essa!...
                        Ouvindo a música e a cantiga, os ratos, por toda parte, puseram as cabeças de fora, logo depois as patas da frente, o corpo, as patas traseiras, a cauda, já então saltando e correndo para junto do feiticeiro, a fim de segui-lo com muita satisfação! 
                        Em poucos minutos, aglomerou-se e pôs-se em marcha um imenso exército dos daninhos e perigosos roedores, como se fosse um rio de ratos a correr em volumosa torrente para fora da cidade. 
                        O astucioso mago dirigiu-se para o grande rio, que passava logo adiante, e foi pouco a pouco entrando na água, sem parar com sua música.  Os milhares e milhares de ratos também iam fazendo o mesmo, mas eram arrastados pela correnteza, perecendo logo afogados. 
                         Após ter livrado a cidade daquela invasão de asquerosos roedores tão prejudiciais, o feiticeiro foi à prefeitura para receber a paga combinada. Mas o prefeito não quiz dar-lhe o escudo prometido dizendo-lhe, também em nome do povo: - O que você fez foi pura feitiçaria! Pobres de nós se lhe fosse pago essa sua bruxaria! Saia da cidade imediatamente, se não quer ser preso. Vamos! Ponha-se daqui pra fora, bruxo!
                         O homenzinho, ofendido com as duras e injustas acusações, gritou enraivecido: - Ingrato prefeito!  Ingratos moradores desta cidade. Todos hão de me pagar!
                          Passou-se algum tempo. Num belo dia de domingo, quando o povo estava ouvindo missa, apareceu outra vez o homenzinho da flauta e começou a tocar, dançar e cantar assim: 
Meus garotos e garotas
Saiam já de suas casas
Como se tivessem asas!
Venham depressa comigo
- São preciosos os instantes! - 
Não temam qualquer perigo. 
Eu lhes prometo brinquedos, 
Doces, frutas e folguedos,  
Lá nas montanhas distantes...
                         Todas as crianças, das maiores às menores, foram aparecendo nas portas e janelas, saindo e saltando logo para as ruas e seguindo o mágico, com imensa alegria. 
                         O feiticeiro contou quantas eram, bem contadinhas: trezentas e uma. 
                          Levou-as, atraindo com a música e os promissores versos, por montes e vales, campos e florestas, até as montanhas distantes da cidade. 
                          Lá, entraram toas, com o mago, numa enorme gruta, cuja abertura logo se fechou por encanto.  Apenas o menorzinho dos garotos não teve tempo de entrar e voltou para a cidade, muito amedrontado, chorando sem parar. 
                          É fácil imaginar o desespero dos pais, o arrependimento do prefeito e de todos por não terem sido leais com o mágico. Poderiam muito bem ter evitado tamanha desgraça se lhe tivessem pago o prometido escudo de ouro. 
                          Grupos de homens começaram a percorrer os campos e montanhas à procura da misteriosa gruta, a fim de salvar as trezentas crianças. 
                          Todas as buscas foram em vão. Não conseguiram descobrir o paradeiro de seus filhos. 
                          Durante muito tempo o povo daquela cidade chorou a perda daquelas crianças, que eram todo o seu amor e toda a sua esperança. 
                          Muitos anos se passaram. Um dia, quando os pais dos pequenos levados pelo bruxo já estavam de cabelos brancos, surgiu na cidade  um grupo de trezentas pessoas.  Eram aquelas crianças, agora crescidas, adultas. Porém, nada disseram sobre o lugar onde tinham vivido, nem a respeito  das coisas vistas na gruta da montanha. Mas se mostraram, agora residindo na mesma cidade, muito prodentes, bondosos e sábios. 
                          O povo ingrato aprendeu uma lição: todos devem agradecer o bem que recebam, por menor que pareça. As promessas sempre devem ser cumpridas e a ingratidão é um grande mal que sempre devemos evitar. 
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Nicéas Romeo Zanchett 
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LENDAS E CONTOS - HISTÓRIA


LENDAS E CONTOS 
HISTÓRIA
                     A lenda é uma invenção histórica - história poetizada - em geral anônima, como anônimos são seus heróis ou personagens.  A lenda é a história envolta em névoas. Não se sabe quem a inventou. 
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                     O conto pode ser um episódio de grande epopeia, de poesia épica ou heroica divulgada. Depois de muitas transformações, o verso acabou por converter-se em prosa. Começaram a contá-los, ou a canta-los, os trovadores, e continuaram a canta-los as vovozinhas, ao tépido aconchego de uma luz, quando a noite cai, para compor o tão conhecido e poético quadro de uma santa velhinha, rodeada de netinhos, a dizer: "Era uma vez uma formosa princesa"...
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Pesquisa e postagem: Nicéas Romeo Zanchett 
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