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quarta-feira, 29 de maio de 2013

O CAVALEIRO SUÍÇO E O LEÃO

O CAVALEIRO SUÍÇO  E O LEÃO
                       Este fato aconteceu no tempo das "Cruzadas". As Cruzadas é o nome que se deu a uma Guerra Santa, promovida pelos Papas da Igreja Católica, para libertar os lugares que eles consideravam sagrados. Essa guerra se estendeu por centenas de anos e, em nome da fé, mataram muitas pessoas inocentes, inclusive queimando-os vivos em fogueiras. Quem não pensava como eles era considerado herege e ia a julgamento.
                       Naquele tempo, houve um guerreiro conhecido como Cavaleiro de Tun". Tinha esse nome por ter nascido num pequeno povoado chamado Tun, na Suíça.
                       Algumas vezes, os guerreiros cruzados, que tomaram parte nas lutas, não precisavam guerrear; tinham suas folgas e podiam percorrer os arredores de seus acampamentos. 
                        Certo dia, esse cavaleiro entrou numa floresta para abrigar-se do calor. De repente, começou a ouvir uns terríveis rugidos. 
                        - Nossa Senhora! exclamou, assustado. É um leão, com toda a certeza...
                        Resolveu fugir imediatamente, para recolher-se a seu acampamento, quando notou que os rugidos eram de dor. Mais pareciam fortes gemidos causados por grande sofrimento. 
                        Sendo homem de bom coração, dominou o medo e começou a procurar por toda a parte o causador de seus sustos, pensando: 
                        - Sem dúvida, está ferido.  Preciso achar esse pobre animal para socorrê-lo. 
                        Caminhando de um lado para outro, percebeu perfeitamente que os rugidos, cada vez mais angustiados, vinham de alguma caverna ou cova, pois pareciam sair do fundo da terra. 
Realmente, logo encontrou muitas armadilhas para apanhar animais selvagens. Consistia em uma grande fossa disfarçada por uma cobertura de ramos e folhagens. Qualquer animal, que pisasse nessa cobertura, cairia fatalmente na fossa e seria capturado pelos caçadores. 
                        Seguindo os terríveis rugidos do leão, o cavaleiro chegou ao lugar exato onde estava o leão sofredor. De fato, ele caíra na armadilha, ficando todo enrolado por cipós e cordas colocadas pelos caçadores. Na violenta queda, tinha quebrado uma perna. E pôs-se a rugir de dor e também de desespero por não poder fugir dali. 
                         Sem o menor receio, o valente cavaleiro aproximou-se, cortou as cordas e cipós  e estendeu as mãos ao leão, para ajudá-lo a sair da cova. 
                         A terrível fera ergueu uma pata, guarnecida de fortes garras, para aquelas mãos salvadoras, sem lhes causar qualquer dano. Então, com grande esforço, tanto do homem como do leão, pode este sair da fossa. 
                         O cavaleiro, muto jeitosamente, fez a fera deitar-se, deu-lhe de beber, falou-lhe com brandura, acariciou-lhe a vasta juba, tratou-lhe da perna com todo o cuidado; tornou a fazer-lhe agrados e, como se o animal pudesse entender, assim lhe falou: 
                         - Meu querido leão, até à vista! Sinto deixá-lo, mas chegou a hora do meu regresso ao acampamento, para junto dos meus companheiros. 
                         Claro que a fera nada podia responder com palavras. Mas sua resposta foi dada pelo seu procedimento. Quando o cavaleiro partiu, ela o foi seguindo, mancando de uma perna, ainda sentindo as dores da fratura. 
                         Desde aquele instante, o guerreiro e o leão se tornaram companheiros inseparáveis. 
                           Iam juntos a toda a parte e o leão sempre se mostrava tão manso como qualquer animal doméstico. Comia ao lado do cavaleiro, dormia perto de sua cama e o ajudava a guerrear, investindo junto dele contra os inimigos, que fugiam apavorados ao ver a terrível fera. Graças a isso, o cavaleiro voltava sempre vencedor e ileso de suas lutas. 

                           Chegou um dia, entretanto, em que o bom cavaleiro tinha que voltar à sua longínqua pátria.  Comovidamente, contou isso ao leão, abraçando-o com ternura e até derramando muitas lágrimas sobre a sua grande juba, que parecia luminosa aos raios do sol.
                            Embora não entendesse as palavras do seu amigo e companheiro, mas percebendo, talvez pelo instinto, a próxima separação, o leão ficou triste como se tivesse entendido todas as palavras do amigo, e assim permaneceu até a última hora.
                            Compreendeu, porém, que ia ser abandonado, quando viu o companheiro deixá-lo e dirigir-se apressadamente para um barco que o esperava. 
                            Quando a embarcação deslizou para o alto mar, o leão em desespero, lançou um angustioso rugido e atirou-se às ondas.  Pôs-se a nadar arrojadamente atrás do barco, mas este era mais veloz. Sentindo-se sem forças, o animal deixou-se ficar à mercê das ondas, disposto a morrer, como que compreendendo a inutilidade do seu sacrifício. 
                            Conta-se  que, nessa hora, o capitão do barco, condoído pelo sofrimento do leão, fez uma manobra de contramarcha e voltou para salvá-lo. 
                            E assim, os dois amigos viajaram juntos para a Suíça; lá viveram juntos e felizes por muitos anos. 

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MORAL DA HISTÓRIA
Todo o sofrimento precisa de compaixão. Não se pode abandonar alguém à própria sorte, por medo ou por preconceito. Jesus dizia que quando alguém nos dá uma "bofetada" na face,  devemos oferecer a outra. Portanto, nunca devemos revidar o mal que alguém nos fez, pois todo o mal sempre se volta contra o seu malfeitor. A violência sempre gera violência; da mesma forma, o amor sempre gera amor. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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